quarta-feira, 19 de maio de 2010

Esta nova solidão....

Deito fora as imagens.
Sem ti, para que me servem as imagens?
Preciso habituar-me,
A substituir-te pelo vento,
Que está em qualquer parte
E cuja direcção
É igualmente passageira e verídica.
Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
Numa casa deserta,
Ao trémulo vigor de todos os teus gestos invisíveis,
À canção que tu cantas
E que mais ninguém ouve a não ser eu.
Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão
Felicidade a ninguém.
Era mais difícil perder-te,
E, no entanto, perdi-te.
Era mais difícil inventar-te,
E eu te inventei.
Posso passar sem as imagens
Assim como posso passar sem ti.
E hei-de ser feliz ainda que
Isso não seja ser feliz.

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